Eu não TENHO ânimo para discutir sobre a vida. Odeio ter que ensinar humanização a quem não respeita mais a decência do outro. Meu corpo é meu corpo e minhas acções são minhas acções, o que estamos fazendo aqui se não errando? Então me deixe errar. Me deixe errar feio. Assim eu aprendo. E cresço. Mas se no meu primeiro erro você me deseja toda a desgraça do mundo, a hipocrisia é o que rege sua voz. Não estou defendendo o erro. Não tenho culpa de nascer com um coração que transborda sentimento. Não tenho culpa se eu sinto a dor do outro e minha alma chora quando alguém chora. Todo mundo merece o perdão e uma segunda chance. Bandido bom é bandido morto? Não! Bandido bom não existe, mas o que existe é a recuperação, é a mudança, é a renovação.
Para isso, temos que acreditar que é possível, temos que acreditar no outro. Ninguém nasce bandido, torna-se. Vão moldando-se aos pouquinhos, tijolos. E ninguém faz nada. Só quando não tem que os olhos enxergam a tragédia que um ser humano pode se tornar, quando o caso já não tem solução é que o dedo toma vida e se ergue contra o errante. Mas onde estava a mão dona deste dedo quando o errante precisou? Onde estava a mão irmã da mão dona deste dedo quando ele estava sozinho? Pois é. Julgar é fácil. Abrir a boca e desferir palavras de ódio então, nem se fala. Mas quando é hora de dar um ombro amigo, um abrigo, um apoio, aí a coisa complica. Ninguém quer ajudar um desconhecido, porque é perda de tempo, é fora de cogitação. Só dói quando é na pele. É o que falta no mundo; sentir a dor do próximo. Não basta dizer que tem amor no coração e humanidade. Tem muito mais coisa entre o céu e o inferno do que apenas o julgamento, tem a evolução, o acolhimento, o amadurecimento, e, não menos importante, o amor. Por si mesmo e pelo outro.